14 June 2011

SOU CAFÉ (Lisboa)
No dia 20 de Maio partíamos em direcção ao sul do país para mais uma mini-tournée, desta feita com duas datas. A primeira reservada para Lisboa, no Sou Café, mesmo no coração da capital. Embuídos no espírito aventureiro que nos caracteriza, pode dizer-se que partimos em direcção ao desconhecido, pois não tínhamos quaisquer referências do espaço.

Ali chegados, a primeira impressão com que ficamos, foi que o local se assemelhava bastante à Casa Viva sita no Porto, embora no Sou Café, a vertente artística fosse muito mais explorada e previligiada em deterimento da vertente anti-política e quase anarquista que reina mais a norte.

Com o decorrer do tempo, as comparações foram-se diluindo, porque as diferenças entre as duas casas e o espírito reinante, são quase abismais. Já não falo das instalações, porque aí nem sequer se pode fazer qualquer tipo de comparação, com o Sou Café a ficar literalmente por cima.

"Olá, eu sou a Alface!"
Foi assim, que se nos apresentou uma das meninas frequentadoras do Sou Café, enquanto nós já estávamos em pleno processo de montagem do nosso cenário. Um palco improvisado situado entre os pilares que sustentam a casa, onde antes existiam mesas e cadeiras, mas que serviu na perfeição.

Uma dúvida se levantava á medida que cada um ia ligando os seus instrumentos, e principalmente, à medida que o Pico fazia a usual chinfrineira na bateria: acústico ou eléctrico? Um dos jovens do Sou Café que nos acompanhava de perto em todo o processo, rapidamente nos alertou para o facto de termos de ter muita atenção com o barulho, sob pena da Polícia fazer uma indesejada visita ao local a meio do concerto. O Sou Café, é basicamente uma casa de artes, sem grande preparação em termos físicos para concertos com grande distorção.
Sem estarmos minimamente preparados para tal realidade, a verdade é que o nosso sound-check acabou por ser uma pequena amostra do que iria ser o nosso concerto.

Isto é, começamos a brincar com os temas de uma forma mais ou menos acústica só para termos a precepção do som que saía para o exterior. "The End Part II" foi uma das escolhidas. A seguir, tocámos o mesmo tema, mas na versão que costumámos tocar, ou seja, com distorção. A decisão estava tomada, o concerto ia ser em formato acústico, ou semi-acústico, uma vez que não levávamos sequer instrumentos adequados para o efeito.

Básicamente, iria ser uma apresentação com as músicas despidas de qualquer distorção. Assim, sem rede, sem qualquer preparação prévia os dados estavam lançados.
Tudo pronto. Hora de jantar, oferta do Sou Café, e que apesar de ser cozinhado no local, estava muito bem confeccionado.
Depois, foi só aguardar que o tempo fosse seguindo o seu trilho até chegar à hora H.
Entretando, começam a chegar os primeiros convidados e o espaço vai-se compondo. Sem qualquer set-list previamente definido, fomos para o palco sem saber muito bem ao que íamos, mas com a secreta esperança de que o formato dos temas resultasse. Atendendo ao que estava para vir, e para tornar o ambiente que ali se vivia ainda mais intimista, o Sam propôs que todos tocássemos sentados. Acedemos ao desejo. Fazia sentido.

Chegados ao palco, o M faz uma breve apresentação do que iria ser o concerto com algo como: “Bom, vamos fazer uma coisa diferente que não estava nos nossos planos, espero que gostem”, e começámos.

“Fall Into My Knees” foi a escolhida para abrir as hostilidades. Algo inédito na abertura de um concerto. A partir daqui as coisas foram fluindo.

O set-list ia sendo feito por nós em pleno palco à medida que o concerto ia avançando e foi essa a regra que vigorou durante toda a noite até ao último tema.

É evidente que para nós, alguns temas acabaram por resultar melhor que outros, tendo em conta que foram apresentados num formato para o qual não íamos sequer preparados. Contudo, a última palavra é sempre do público, e nesse particular podemos dizer que estivemos na presença de um público atento que foi respondendo com ar satisfação ao nosso desafio e por isso não foi de estranhar o encore solicitado.

Satisfizemos o desejo, e pouco depois terminamos o concerto. Segue-se o convívio tradicional nestas situações, mas não por muito tempo. É que para além da tarefa de desmonstar todo o material, havia no seio da banda quem estivesse ávido por desfrutar da noite lisboeta. Por isso, não foi de estranhar que após uma paragem no tradicional Bairro Alto, acabássemos no não menos conhecido Music Box, de onde saímos já perto do amanhecer em direcção a casa da irmã do M, que nos garantiu o tecto naquela noite e a quem aproveitámos aqui a oportunidade para agradecer a estadia.

O tempo para dormir não foi muito. Os ruídos que alguns elementos fazem a dormir também não permitem grandes veleidades a quem tem o sono leve. No entanto, foi o suficiente para recarregar baterias e seguir em direcção à Marinha Grande que nos aguardava no dia seguinte.
Mas antes, houve que compôr o estômago, recarregar o nosso tour bus, e dizer adeus à capital, ou talvez apenas... um até já.

MARK

*Um agradecimento especial á Liliana e ao Bruno por desta vez, terem sido eles a vestir a pele de fotógrafos.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home