11 October 2010

Retrospectiva de um fim-de-semana de rock
Part I
16 de Julho Side B (Benavente)


À semelhança do que já fizemos noutras ocasiões, o concerto de Benavente tinha a particularidade de termos de partilhar o palco com outras bandas.

Desta vez os contemplados foram os Dharma Project (Almada) e os Khorda (Lisboa).
Para os bares, é uma forma de tentar rentabilizar o “investimento” que fazem quando decidem apostar em bandas sem renome, como é o caso. Para nós, embora a prioridade seja sempre termos o palco só para nós, quando tal não é possível, há que aproveitar a oportunidade para trocar experiências e conhecer novos projectos. Foi o que fizemos.
Além disso, ficamos a saber que Benavente tem um espaço, que sim senhor, oferece todas as condições às bandas que por ali passam, (e que, a avaliar pela quantidade de cartazes expostos, têm sido muitas!) mas a questão que se coloca é: terá Benavente andamento para um espaço como o Side B?

Dias haverá, em que podemos admitir que sim, mas naquela noite, a avaliar pela amostra que tivemos a oportunidade de ver, somos forçados a desconfiar que não.
Vivemos numa sociedade tramada. O povo não arrisca nada. Querem tudo feito e oferecem resistência quando se lhes apresenta um cartaz com uma banda, ou um conjunto de bandas que não conhecem. E o resultado, acaba por ser uma casa com pouca afluência de público. Sobre esta matéria, podia agora fazer aqui um copy/paste daquilo que disse quando visitámos a cidade de Viseu. Não vou fazê-lo. Quem quiser que puxe este filme atrás e vá saber desse episódio. Está lá tudo e aplica-se aqui na perfeição.
No entanto, a nossa visita a Benavente, contemplava mais do que um concerto. Acima de tudo, era uma oportunidade de testar a nossa vida em comum enquanto banda, por mais de 24 horas. É que no dia seguinte, S. J. da Madeira esperava por nós, e como tal, houve a necessidade de preparar estes concertos, tendo em conta um conjunto de questões logísticas que não estamos habituados a tratar.
Desde logo o transporte, desta vez a cargo do Pico, que trouxe o seu “tour bus” de Trás-os-Montes para nos conduzir pelos caminhos do nosso Portugal.


Ali instalados, enquanto uns iam de olhos postos no GPS e outros ressonavam, o Sam ouvia de forma ininterrupta o tema dos Pearl Jam “Do The Evolution”. Por isso, não raras vezes a tripulação foi surpreendida com o Sam, fazendo uso do seu inglês muito peculiar, a debitar algo próximo de “It’s evolution baby!”. O Peter, por sua vez, transportava consigo um apito, daqueles muito parecidos aos usados nas estações de caminhos de ferro para dar ordem de partida aos comboios, com o qual dava conta das ocorrências, com breves sinais sonoros à medida que a viagem prosseguia.
A verdade é que o rádio do nosso veículo de serviço também não dava grande margem de manobra, por isso cada um entretia-se com o que podia para passar o tempo. O ar condicionado do veículo também não estava disponível, e como tal houve a necessidade de viajar com os vidros bem abertos para refrescar o corpo e a mente do calor abrasador que se fazia sentir lá fora.
O primeiro destino a ser alcançado com sucesso foi Benavente. Como é costume nestas andanças, não deu para explorar bem a localidade, mas percebeu-se que era uma vila tranquila, sem stresses. Depois do sound check, seguiu-se o jantar que reuniu todas as bandas. Nota negativa para o catering. A promessa de frango assado para o menu, caiu por terra, e o que nos apareceu nos pratos, foram umas fêveras acompanhadas de umas batatas fritas de pacote, com uma cola ordinária para compor o ramalhete.

Nada que nos impedisse de subir ao palco e de fazer o nosso número, que teve direito a encore e tudo. O som estava bom, por isso não havia desculpas.
Após o concerto chega também o dilema da noite.
Pernoitar em Benavente ou avançar imediatamente em direcção a S. J. da Madeira com paragem para dormir pelo meio se necessário, eram as hipóteses em cima da mesa
Optámos por levantar a âncora e fazermo-nos à estrada…mas só até Aveiro. O piloto dava sinais de cansaço e já não dava para mais avanços.
Aí chegados, já de madrugada, encetámos a busca por um local onde dormir, embora sem sucesso, pois encontrámos tudo fechado. Ou melhor, hotéis até havia, mas pensões, que eram aquelas que melhor se enquadravam no nosso orçamento, estavam todas indisponíveis.
Com o piloto cansado, e sem grandes alternativas, havia que procurar um local abrigado, digno para encostar o veículo e assim, descansarmos a vista. As sugestões surgiam em catadupa. Debaixo de uma árvore era a mais votada, mas apareceu uma ponte e não fomos de modas. É já aqui.
O que se seguiu, ficará para sempre na história da banda.
É que não é todos os dias que cinco personagens, tentam dormir numa carrinha cheia de instrumentos, debaixo de uma ponte.


Valia tudo para encontrar o apoio mais confortável para descansar a vista. A verdade é que resistência terminou, quando o sol começou aquecer o ambiente já de si efervescente…
Já não havia volta a dar. O povo queria uma cama digna desse nome e já!
Sem mais demoras, siga em direcção a uma pensão, e por isso a primeira que nos apareceu, foi aquela onde aterrámos.
Finalmente uma cama, lençóis, chuveiro!
Se houve uma ocasião nas nossas vidas, em que todos ansiámos por um leito, esta foi sem dúvida, uma delas. E é assim, que já de manhã, termina em Aveiro o primeiro capítulo desta série. Estava tudo de rastos mas a malta aguentou-se.
Como não temos videos desta data disponíveis, pelo menos videos com a qualidade que o público atento a este espaço merece, fica aqui um dos temas mais ouvidos por aqueles dias no seio The Mystery Artist.


Sam, especialmente para ti, com a convicção de que os dias não são todos iguais, pois a vida é mesmo assim, feita de altos de baixos. Curte aí boy!

Part II
17 de Julho Bedouin Bar (São João da Madeira)

Após um banho retemperador, no dia seguinte (17.07) havia que reunir as tropas para rumar a S. J. da Madeira.

Apesar do ar assustado do Peter, a viagem até S. J. da Madeira foi calma e sem sobressaltos. Afinal, o destino já era conhecido de todos.

Era o regresso a um espaço onde havíamos sido muito bem acolhidos aquando da nossa primeira passagem no dia 20 de Março de 2010, e por isso, foi como se estivéssemos a jogar em casa.
Diria mesmo, que este concerto foi o cumprir de um ritual, pois foi em quase tudo, semelhante ao primeiro.


Voltámos a ser muito bem acolhidos pelos proprietários do espaço (valeu Miguel!). Voltámos a jantar uma bela picanha no restaurante “O Manel”. Voltámos a atacar o gin tónico, embora desta vez com menor intensidade.


Voltámos a ter a casa muito bem composta, apesar de não estar tão cheia como da primeira vez.


E voltámos de lá de conscientes do dever cumprido, por termos deixado o público satisfeito, sendo que, esse, é sem dúvida o ponto mais importante.


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Terminava assim esta mini-tourné de fim de semana, sobre a qual podemos concluir que teve um saldo francamente positivo. Toda a gente chegou bem e com saudinha, ficando demonstrado que estamos preparados para outros voos em conjunto. Continue-se a marcação de datas na nossa agenda de concertos e trate de se arranjar um “tour bus” com um pouco mais de comodidade, que nós cá nos entendemos.
Siga o rock.
Na falta de videos, fiquem-se com os rabiscos sobre aquilo que foi o set-list da noite.


MARK

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