23 April 2010

3 notas apenas

Começemos pelo "Dó":
O concerto que estava previsto para o passado fim de semana em Ponte da Barca, no Belião Bar, acabou por ser cancelado por razões que nos são alheias.
Parece que a ASAE decidiu visitar o local uns dias antes e teve de se adiar a festa. Digo, teve de se adiar, porque estamos a agendar nova data para o local. É que o Belião não nos escapa!

"Ré"
Esta semana foi tempo do técnico de som e produtor discográfico, Paulo Miranda, pegar no nosso disco e proceder à sua mistura lá para os lados de Viana do Castelo, mais concretamente aqui . Já temos o resultado. É o que tenho estado a ouvir desde manhã em "repeat". Primeira análise: promete.

"Mi"
Faltam aqui os relatos dos concertos no Bedouin (S. João da Madeira) e Riba Kaffé (V. N. Famalicão) bem sei... Não estão esquecidos. Para a semana talvez arranje tempo para isso. É que a minha secretária despediu-se e não tenho mãos a medir...

Pode parecer que estamos quietinhos, mas não estamos. Enquanto se ultimam os pormenores do disco (capas e afins), fazem-se ensaios com vista á preparação do próximo concerto ali para as bandas de "Bijjjeu" no dia 29 de Maio.
Fui.

MARK

13 April 2010

Spot – Centro Comercial STOP - o relato
Como é do conhecimento público, o Centro Comercial Stop sito na cidade Invicta, é hoje um espaço muito diferente daquilo que foi no início dos anos 80. Sem resultar na azáfama de outros tempos, podemos dizer que a afluência de pessoas àquele espaço continua a ser grande. No entanto os interesses que movem esta gente, são completamente distintos dos interesses das pessoas que outrora ali acorriam para fazer compras ou desfrutar de simples momentos de lazer. Falar do STOP hoje, é falar de música. Quem andar por aqueles corredores, não fica indiferente aos sons que se vão ouvindo por ali. Aquilo que antes eram lojas, está hoje transformado em pequenas salas de ensaio de bandas que encontraram ali o sítio perfeito para dar asas á sua imaginação. O estilo musical de cada uma das bandas “residentes”, não as impede de viver em perfeita harmonia. Afinal, o que interessa se a banda da sala X toca metal, a da sala Y toca rock ou a da sala Z enveredou pela denominada música “pimba”? Pois. Não interessa nada. O que conta é a vontade e determinação que cada um coloca no seu projecto com o objectivo comum de dar a conhecer a sua música. Pois a música, é o cerne da questão.
É pena que o espaço não esteja preservado nem se vislumbre qualquer intenção de o recuperar por quem detém do poder?
É. Sem dúvida!
Mas os músicos, que diariamente entram e saem com guitarras às costas, ou pratos de bateria nas mãos, vão continuar a fazer questão, de lembrar aos senhores do poder que a verdadeira Casa da Música é aquela que fica ali na Rua do Heroísmo. E enquanto ninguém se lembrar de derrubar aquilo, a sociedade portuense que esteja descansada que a música vai continuar a invadir o STOP e a manter viva a chama da sua vida.
Nós da nossa parte vamos dando o respectivo contributo. Depois de saltarmos de sala de ensaio em sala de ensaio, foi ali que encontramos o nosso pouso. Á semelhança de outras tantas bandas que por ali deambulam, podemos dizer, que - dentro das limitações inerentes a um espaço que estava longe de ser programado para o fim a que hoje se destina - estamos satisfeitos.
Além disso, esta “casa” permite-nos ter um contacto diário com outras bandas, trocar ideias, preocupações etc. Foi assim que nasceu a ideia deste concerto. O convite partiu de outra banda, os L’Escargot. O espaço, SPOT, á semelhança das salas de ensaio que o rodeiam, é também ele adaptado a sala de espectáculos, naquilo que segundo consegui recolher, antes também já fora um bar de alterne. Talvez só assim se perceba a existência de uma cama bem no meio de uma das salas. Mas se o objectivo é promover a música, o que é que isso interessa?
Como diria Adolfo Luxúria Canibal dos Mão Morta, num dos seus temas: “Nada!”
E por isso é que, talvez sem o saber, O STOP tem feito um trabalho notável em prol da música e dos músicos que um dia ali decidiram acampar.
O bar SPOT onde tocámos no passado dia 19 de Março não foge à regra.
O previsto era uma noite, dois concertos, três euros.
Constatei aquando do sound-check que afinal havia mais uma banda. Os Dzound. O cenário alterou-se, passando então a ser: uma noite, três concertos, três euros.
Apesar destas condições, a casa esteve muito despida. O facto de ser sexta-feira e de ser um espaço ainda pouco conhecido, não deve ter ajudado.
De qualquer das formas, quem estava, esteve com gosto e sabia ao que ia, por isso não houve reclamações.
Os Dzound abriram as hostilidades com o seu rock pop muito clean, muito arrumadinho. Tocaram apenas quatro temas, mas devo dizer que gostei do som e percebeu-se que há ali bons músicos e matéria-prima de qualidade.
Depois de aquecerem as hostes, era a nossa vez de pisar o palco.
Não demorou muito a nossa entrada em cena. O set- list previsto para essa noite encerrava algumas mexidas. Desde logo, a ordem de apresentação dos temas que foi completamente alterada com a "The End Part 2" a abrir o concerto.
As características do concerto (em parceria com mais duas bandas) e do público presente, impunha um espectáculo em que fosse dada predominância aos temas mais “rasgadinhos”. Talvez por isso, a meio do concerto o M tenha decidido encurtar o set-list e lançar a “Hollywood” antes de fecharmos com a tradicional “Unquietness”. Algo que provocou alguma confusão em cima do palco, mas inguém notou por isso siga!
Sem ser um concerto extraordinário, diria que foi uma boa prestação. Penso que foi um concerto que serviu sobretudo como rampa de lançamento para o espectáculo que estava agendado para o dia seguinte, em S. João da Madeira, no Bedouin Bar. E por isso, este concerto acabou por funcionar como uma espécie de ensaio, uma vez que atendendo ao período conturbado pelo qual passou a agenda pessoal deste que vos escreve, não havia sido possível efectuarmos ensaios com os cinco elementos em conjunto já lá iam umas boas semanas… Esse trabalho tem de vir feito de casa. Sempre assim foi e já estamos habituados. É certo que não é a mesma coisa, quando comparado com os ensaios que temos em conjunto, mas a gente orienta-se.
Ainda assim, o resultado foi globalmente bom com o público a aderir e a dar sinais que mesmo com estas condicionantes, estamos no caminho certo.
Mas a noite não acabava aqui. A fechar havia ainda os L’Escargot, que haviam sido os anfitriões do evento. Também por isso, ou talvez não, o que se assistiu a seguir, foi ao debitar de um rock/grunge bastante agressivo, com o vocalista a ter vários lapsos de memória ao longo do concerto que durou quase uma hora e meia… Só assim se consegue explicar o porquê do rapaz repetir ininterruptamente entre os temas as mesmas frases ou ainda o facto de ao fim do sexto tema, se virar para o povo e dizer: “Vamos então tocar o quarto tema da noite”…
Ou a medicação não estava a fazer efeito ou aquilo que o rapaz tinha no copo não era definitivamente água.
Fechado o concerto, toca a invadir o palco para resgatar o nosso material e andamento para a sala de ensaio que estava mesmo ali ao pé. Afinal a noite já ia alta, e para o dia seguinte, já havia hora marcada para dar início á “Operação Bedouin”.
Mas isso já é outra história. E foi uma boa história!
Para a posteridade o que ficou foi isto:
Para entrar toda a gente tinha que levar "selo".

Depois era só desfrutar...

...

...

...

O nosso prezado público. Afinal ainda foram alguns. Ou melhor, visto assim até parecem muitos.

O video escolhido desta vez, foi a "Unquietness" (também não tenho outro diga-se...) que tradicionalmente fecha os nossos concertos.

A special thanks aos fotógrafos de serviço. Desta vez tivemos 3: Anita, Tita e Jesus "boy" que fez mais uns videos do concerto, os quais se encontram depositados na conta dele, algures no youtube.
Se vos apetecer procurem-nos.

MARK

08 April 2010

Festival EP ao Vivo 2010 (agora visto de dentro pelo M)
Foge-se sempre do inexplicável. Do que não se quer ou não se consegue perceber. Encontra-se refúgio onde se pode; por entre pensamentos e palavras, mesmo quando estas nos iludem de seu significado e perdidos nos deparamos com o vazio da nossa própria mente. A sensação de impotência é imediata: avistamos os limites das nossas capacidades e entre eles a nossa própria finitude. Amodorrados por um sentimento cuja definição exacta e fidedigna nos escapa por entre todas as morfologias vigentes. Algo que se sente tão presente e real que praticamente palpável, mas por mais que se tente não se consegue definir de forma precisa e satisfatória. Acontece durante uma enorme descarga de prazer extremo, de felicidade ou alegria; momentos de stress ou excitação invulgar. Os momentos pelos quais ansiamos e vivemos. Ironia das ironias acontece também aquando de uma grande desilusão: o enorme pesar de uma dor que fustiga e impregna a própria essência do nosso ser e nos deixa impreterivelmente desamparados. A linha entre ambas é tão ténue…
Uma noite chuvosa e fria não auspiciava grande sucesso. A colectividade organizadora atrasada na resolução de problemas técnicos normais: qual o evento que acontece sem percalços? Grande parte dos intervenientes presos no previsível amálgama irracional do trânsito: acentuado pela intempérie que se abatia naquela noite. O jantar estava previsto para as 20h. Entretanto, as cadeiras do auditório são mudadas, repostas: viradas e reviradas; subidas e descidas sem que se chegasse a algo: um simples consenso. A hora a que nos deveríamos estar a sentar à mesa chega sem que nada mude substancialmente. Pouco depois começa o soundcheck do outro interveniente da noite: Wingman. Experiente e seguro das suas capacidades. Ciente do que tem para mostrar e o tanto que isso vale. O meu temor é avassalador. A dúvida instala-se nas qualidades que sempre e sempre colocamos em questão: é uma pena não o fazermos também com as nossas inseguranças. O nosso soundcheck termina bem, tendo em conta o tempo de preparação que tivemos para este concerto, diferente do habitual; ainda de instrumentos em punho dizem-nos que são 22h: hora oficial de abertura das portas. Não jantamos: faz parte e ninguém reclama. A organização tem a gentileza de nos trazer em vários tupperwares o jantar que nos estava destinado: frango no churrasco com batata frita e arroz. No pequeno backstage onde trocamos de indumentária e terminamos os poucos preparativos que por enquanto nos podemos permitir – tudo à nossa escala, evidentemente – o frio é cortante. Preocupam-me as mãos geladas para conseguir tocar, os dedos rígidos, pouco ágeis e lentos naquele preciso momento. O Samuel sugere-me um truque: apenas uma das muitas receitas tradicionais caseiras das quais é especialista e conhece os segredos: “Lava as mãos com água fria! É a melhor maneira de as aquecer.” Respondo-lhe jocoso um qualquer impropério, misto de incredulidade e nervosismo crescente que nos instantes antes de cada entrada em cena se apodera de mim. O seu notório espanto perante a minha incredulidade comove-me e leva-me a outras paragens. Deambulo enquanto observo aquelas singelas traseiras, mais habituadas a peças teatrais do que a concerto de música. Por entre as cortinas negras que nos escondem vai-se olhando a sala; a entrada do público: alguns rostos conhecidos, outros nem tanto. As cadeiras preenchem-se uma a uma, por vezes aos pares ou até mais: sempre mais do que o que acreditamos, mas nunca quem verdadeiramente esperamos. É árduo e penoso este percurso: aprender a não esperar nada, percorrer o exterior quotidiano no superficial de qualquer ligação substancial, sem enlace ou paixão. Abandono total de esperança no anódino, corriqueiro e descartável que nos rodeia e enclausura por entre as suas impiedosas malhas. Uma insípida fleuma inalterável que se apodera e nos deixa mais sozinhos que nunca. Só nos apetece abandonar. É a força de alguns que por estímulos dita as nossas vontades. Porquê resistir-lhes? Será esta a razão destes pequenos “espectáculos”? Pequenos acontecimentos que nos afastam da rotina e nos despertam para a sensação de existir individualmente neste universo. Servem de mote: como afirmação para o grito de revolta que pelo menos uma vez na vida e sob as mais variadas formas cada um de nós deveria sentir necessidade de dar. Advêm da consciencialização da nossa existência e insignificância da mesma. Será esta a razão porque o faço? Já não sei… eu já não sei porque o faço… ou se deva continuar. Já não sei se acredito... e a cada dia que passa, choro. Talvez eu tente demasiado e a espontaneidade que prezo acima de tudo se perca.
As pessoas continuam a entrar: “o concerto é para elas” penso. Para as que estão e as que não estão e deveriam estar. Velhos amigos ausentes mas sempre presentes; antigos amores cantados no avassalador sentimento de perda que os acompanha. Será sempre para eles…
O técnico de som entra naquelas minúsculas traseiras que servem de backstage; para minha enorme surpresa vem a cantarolar o refrão de um dos nossos temas na sua versão original. Não imaginava sequer que se tivesse dado ao trabalho ou curiosidade de ir ouvir. Senta-se num canto a comer parte do frango e batatas que entretanto alguns elementos da banda e um acompanhante decidiram atacar; bem-disposto diz-nos: “Vai correr bem, o som está porreiro. Gostei da vossa cena.” Sinto-o a ele bem mais confiante que qualquer um de nós.
Nuno (responsável do evento) vem avisar-nos: “mais 10 minutos, apresento-vos e vocês entram.” O nervosismo é agora bem patente entre todos. Só o técnico de som responde, bem-humorado entre duas garfadas: “na boa Nuno!” Os mesmos movimentos sucedem-se entre todos à vez: olhar-se ao espelho para arranjar a roupa que já não o necessita. Fumar um cigarro saltitando, mexendo-se sem sair do lugar num incontrolável tique nervoso. Andar de um lado para o outro… O Samuel desabafa um: “Fod…! Passa-me uma coxa!” E desata a comer a coxa de frango à mão sob o olhar silencioso de todos. Depois de acabar lava as mãos e enquanto as seca lança: “Já está! Estou pronto, vamos lá?” e solta uma ruidosa gargalhada contagiante que tem o condão de distrair e descontrair toda a gente, alheando o nervosismo que em todos estava a vir ao de cima e até no habitualmente silencioso da banda se denotava. Por entre sorrisos que se esbatem na agradável réstia deste singelo episódio ouve-se do outro lado da cortina o discurso de abertura do festival. Cada um decide apressadamente por onde vai entrar e coloca-se em posição.
“Agora convosco: The Mystery Artist”

The End Part 2
Mr. Person
Funny Little Town
The Glass Shoe
Slow Show (The National)
Travels
Hollywood

O rescaldo trouxe-nos os elogios da organização, considerando-nos a “melhor banda espinhense” que passou pelo festival nos seus 5 anos de existência, não obstante apenas um dos elementos ser de Espinho, mas enfim… também já fomos de Carrazeda de Ansiães portanto julgo que mal nenhum haverá nisso.
Uma nota final em jeito de Post Scriptum, todo o concerto do dia 5 de Março de 2010 no Auditório da Nascente em Espinho foi dedicado à pequena Nádia – filha do nosso espirituoso baixista Samuel – que pela primeira vez assistiu a um concerto do pai.

M